Sola Scriptura: A suficiência da Escritura.
Por
Alessandro Costa Vieira
Dentro da disciplina da teologia sistemática que se ocupa com o estudo da Escritura, bibliologia, existe a reflexão sobre a suficiência da própria. E encontramos muitos textos que enfatizam esta grande realidade. E para tal questão quero fazer menção do texto de 2ª Timóteo 3 e 4 e responder as seguintes perguntas sobre a suficiência da Escritura: suficiente para que?; e, suficiente para quem?
No capítulo 3 de 2ª Timóteo o Apóstolo Paulo começa com a pretensão de demonstrar as características dos tempos e dos homens que viriam. Com relação ao tempo ele diz que “sobrevirão tempos trabalhosos” (2Tm 3.1) e que esses tempos difíceis seriam “porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.” (2Tm 3.2-5). E ele continua relatando a ação destes homens que vão enganando aqueles que dão atenção a eles. E depois disso continua com mais características desses homens, dizendo que eles “resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé.” (2Tm 3.8). Antes de seguir com mais características desses homens quero destacar uma, que vamos falar um pouco mais adiante, que é resistem à verdade. Paulo segue dizendo que esses “homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados.” (2Tm 3.13). E no capítulo 4 Paulo continua dizendo que “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” (2Tm 4.3-4). Destaquemos aqui as características desses homens, que viriam e tornariam os tempos difíceis, com relação a verdade de Deus. Eles resistiriam a verdade; não suportarão a sã doutrina; amontoarão doutores que apoie as suas concupiscências, desejos; desviariam os ouvidos da verdade; e se voltariam para às fábulas.
Ao observarmos essas características dos homens maus que tornariam os tempos difíceis chegamos a conclusão que eles já estão presentes em nosso meio, ou que a muito já estão, porém, muito mais agora. Parece que eles tem se multiplicado. Mas vamos responder as nossas questões, primeiro para que a Bíblia é suficiente?
Numa leitura cuidadosa do texto temos a certeza de uma coisa: A Bíblia não é suficiente para as concupiscências carnais. Hoje vemos “homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho...” (1Tm 6.5 – ênfase nossa), pessoas que buscam na “fé cristã”, se é que é na fé cristã que buscam, pois ela não tem tal característica, seus desejos, e se esquecem que as Escrituras foi nos dada como a expressão máxima da vontade de Deus (Sl 40.8), nela devemos buscar conhecer a vontade de Deus. Portanto quem busca seus desejos não encontrará satisfação nas Escrituras. Por exemplo, se alguém quer saber exatamente com quem se casar, ou que ações comprar ou ainda quais os números do próximo sorteio da loteria, certamente não encontraram na Bíblia tais respostas, pois as perguntas surgiram dos desejos dos homens. E com relação a pregação que muitos tem apresentado em suas igrejas, isso mesmo, suas igrejas e não de Deus, nos mostra claramente que a tendência é sempre falar às concupiscências dos homens. Não se importam com a vontade de Deus expressa em sua Palavra, mas com a vontade dos homens. E para apoiarem as suas palavras eles se voltam para as “fábulas”. Vemos explicações esdrúxulas para darem razão as suas praticas, por exemplo: a alguns meses atrás um senhor aparece em um programa de TV, dito evangélico, e diz que recebeu uma revelação de deus, isso mesmo, deus com d minúsculo, pois não veio do único Deus verdadeiro, dizendo que todos que queriam receber as bênçãos desse deus deveriam fazer um depósito de 900 reais e a base dele era por estarmos no ano de 2009 e por isso a cifra de 900 reais. Isso, sem dúvida, nunca foi a vontade de Deus e sim a vontade desse senhor. Para ele não é suficiente o que a Bíblia nos ensina. Pois a riqueza que o Evangelho nos promete é celestial (Ef 1.3) e gratuitamente (Rm 3.24; 1Co 2.12) por meio de do sacrifício vicário de Cristo (Rm 3.24).
Mas, então, para que a Escritura é suficiente? O texto que estamos analisando nos dá a resposta.
O Apostolo Paulo diz que “...as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.” (2Tm 3.15). Aqui Paulo destaca a grande verdade de que a Escritura é suficiente para sabermos as coisas necessárias para a salvação que há em Cristo Jesus. E continua dizendo que “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (2Tm 3.16-17 – ênfase nossa). Aqui encontramos o porquê a Bíblia nos foi dada. É ela que nos instrui sobre a vontade de Deus para a nossa vida. A salvação pertence a Deus (Jn 2.9) e somente Ele pode nos dizer como ser salvo. E a Bíblia é suficiente para responder a pergunta: “...que é necessário que eu faça para me salvar?” (At 16.30). Ela é suficiente. Ela traz tudo o que é necessário para o nosso conhecimento e não tudo o que queremos. Deus é extremamente sábio e conhece profundamente a necessidade humana. Ele nos deu a sua Palavra com perfeição. Não precisamos acrescentar nada à ela. Acrescentar alguma coisa a Palavra de Deus é pecado passível de juízo divino (Ap 22.18). Podemos afirmar que se queremos saber sobre a vontade de Deus encontraremos ela na Escritura.
A nossa segunda questão a ser respondida é: para quem a Bíblia é suficiente? Quero tratar da resposta também com base no texto que estamos analisando. Paulo ao iniciar o capítulo 3 dizendo sobre os dias trabalhosos que viriam por causa dos homens maus, os quais Paulo menciona todas as suas características, demonstra que para os tais a Bíblia não é suficiente. Ela não é e nunca será suficiente para os que buscam seus desejos. Os homens maus nunca vão ter a Bíblia por suficiente. Sempre se desviarão para os acréscimos. Terão novas revelações para basearem suas más ações. Porém temos a certeza de que a Bíblia é suficiente, como diz o texto, para o “homem de Deus” (2Tm 3.17). Paulo se refere a Timóteo como homem de Deus, ministro do Senhor, e devemos entender que o que é suficiente para o ministro do Senhor também o será para qualquer cristão. Para o salvo a Escritura é estimada como a verdadeira e única Palavra de Deus que é suficiente para nos responder as coisas necessárias. Ficamos satisfeitos com as respostas que a ela nos traz. Olhando para outros escritos de Paulo o vemos reafirmando essa verdade, como em 1ª Corintios 1.18 diz: “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.”, para os homens que perecem, que tem a suas mentes depravadas e afastados de Deus não verá nenhum motivo para encontrar a satisfação na Escritura. Mas para os que foram convencidos pelo Espírito Santo a Bíblia, a mensagem da cruz, é poder de Deus.
Portanto podemos afirmar que a Bíblia é suficiente para nos ensinar tudo relacionado a salvação que há em Cristo Jesus, tudo que está relacionado com a nossa vida cristã nos habilitando para a boa obra cumprindo, assim, a vontade de Deus que está revelada na Escritura; e que essa revelação de Deus é suficiente para aqueles que foram convencidos pelo Espírito Santo e estão satisfeitos com o conteúdo dela. Esses podem exclamar como o salmista “Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.” (Sl 119.105). Ou ainda como Lutero: “Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida quanto para a que há de vir.” (Martinho Lutero); ou como Spurgeon “Se quando eu chegar ao céu o Senhor me disser: "Spurgeon, quero que você pregue por toda a eternidade", responderei: ‘Senhor, dá-me uma Bíblia - é tudo de que preciso’”. (C. H. Spurgeon), somente nela nos satisfazemos.
Que Deus seja louvado por sua Palavra que nos foi dada graciosamente.
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