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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

MEDITAÇÕES SOBRE O EVANGELHO SEGUNDO MATEUS - XX

O SERMÃO DO MONTE – XIV

SOBRE O JEJUM (Mt 6.16-18)

Por Alessandro Costa Vieira





O jejum tinha lugar importante no Antigo Testamento. A raiz da palavra que traduzimos por jejuar significa "afligir a alma" ou "negar-se a si mesmo". Aquele que jejuava não punha em dúvida que o alimento era bom e destinado por Deus para benefício do corpo e da alma, para prover relacionamento entre o homem e Deus. Expressava, porém, muitas coisas ao abster-se voluntariamente do alimento por determinado tempo. Nos tempos do Antigo Testamento o povo jejuava por muitos motivos. Antes de tudo, por motivos religiosos. Em Lv 23.26-29 apresenta a norma concernente ao Dia da Expiação, o dia central no calendário religioso de Israel. O Dia da Expiação era dia de jejum, e o povo devia abster-se de alimento para que pudesse dispensar inteira atenção ao ponto foco da cerimônia.- a morte do bode e a aspersão do seu sangue sobre o propiciatório como paga pelos pecados da nação.
Depois encontramos o jejum associado com manifestação de tristeza. A experiência de Davi acha-se registrada em 2Sm 3.35 Davi expressou tristeza pela perda de seu querido amigo e capitão de confiança recusando alimento desde o nascer até ao pôr-do-sol. Demonstrou seu pesar à nação por meio do jejum.
Alguns jejuavam por causa de alguma dificuldade. Temos o caso de Ana que expressou mediante o jejum sua angústia de não ter filhos (1Sm 1.7). Ana sentia a alma amargurada e seu jejum era sinal de grande pesar.
Temos também, no tempo do Antigo Testamento, o jejum que expressava simpatia a outra pessoa. (Sl 35.13). Neste texto Davi diz que seu jejum era sinal de simpatia a enfermos.
Em Dn 10.2-3 registra a experiência do profeta de Deus que, ao fim de setenta anos de cativeiro na Babilônia, fez uma grande oração de confissão reconhecendo a culpa do povo. Durante três semanas, Daniel jejuou porque tinha o coração oprimido pelo pecado do seu povo, e se entregou à oração de confissão. Seu jejum associava-se à confissão de pecado.
Em Ed 8.21 e Et 4.15-16 vemos o povo se unindo em jejum. Seu jejum mostrava dependência de Deus e seu desejo de conhecer a vontade divina.
Tendo em vista estes exemplos, claro que temos muitos outros no A.T., temos que entender que o Senhor Jesus não está condenando a pratica do jejum. O que é condenavel na declaração do Senhor é a forma de como os fariseus usavam o jejum. Vejamos:

Não seja hipócrita ao jejuar (Mt 6.16): Aqui o Senhor começa e mostrar o que não devemos fazer na pratica do jejum, dando o exemplo de como se fazia em seus dias. Os fariseus, quando jejuavam, demostravam que estavam jejuando se mostrando contristados desfigurando seus rostos. E a intenção deles eram exatamente serem vistos pelos homens, o mesmo que faziam com relação à oração (Mt 6.5), com as esmolas (Mt 6.2) como já estudamos. Portanto já receberam seus garladões.
O jejum significava que o indivíduo renunciava às exigências naturais do organismo e ao prazer natural de comer, confessando total dependência de Deus. Confiava em que Deus o sustentasse dia a dia como o faria se tomasse alimento. Abstendo-se dele, Deus o sustentaria. O jejum manifestava, pois, total dependência de Deus em tempos de tristeza, angústia, simpatia, confissão de pecado, ou em momentos de oração.
Na história do fariseu que foi ao templo para orar, ele disse: "Jejuo duas vezes na semana" (Lc 18.12). Os fariseus costumavam jejuar todas as segundas e quintas-feiras, desde o nascer até ao pôr-do-sol. Ficavam sem comer até ao ocaso, quando quebravam o jejum. Mas não jejuavam por tristeza pelo pecado, nem para dedicar-se à oração, nem por alguma perda, aflição ou desapontamento, ou por simpatia a alguém que estivesse passando por provações. Jejuavam para ser vistos pelos homens, para aumentar sua reputação de “serem dependentes” de Deus. Alegavam depender de Deus, mas não havia dependência alguma na mente ou no coração. Jesus disse que isso era hipocrisia.

Jejue secretamente (Mt 6.17-18): Para que ninguém deixasse de perceber que os fariseus jejuavam, cobriam o rosto com cinza, o sinal de pesar do Antigo Testamento. Quando um judeu tirava o manto e se vestia de pano de saco e punha cinza no rosto, parecia aos homens ter um coração terno diante de Deus ou estar respondendo às necessidades de alguém de seu grupo. Por isso os judeus cobriam o rosto com cinza e ficavam em pé num lugar público, para que os homens os honrassem por sua “devoção a Deus”.
Os homens os julgavam piedosos porque viam essas manifestações exteriores. Essa era, porém, a única recompensa que tinham, porque Deus não se satisfaz com o coração orgulhoso que encontra deleite no aplauso dos homens. Por isso que Jesus disse que quando jejuar deve-se ungir a cabeça e lavar o rosto. O óleo, no Antigo Testamento, era sinal de júbilo. Esfregava-se azeite de oliveira no rosto para dar-lhe uma aparência feliz, brilhante, para revelar a alegria do Senhor. Nosso Senhor quis dizer simplismente que quando jejuar faça feliz.
Pois o verdadeiro jejum, assim como a oração, é um ato secreto entre o homem e Deus somente. Ninguém precisa saber que estou jejuando. O fato de demosnstrarmos dependencia de Deus deve nos trazer felicidade, pois entre as coisas mais certas da vida do crente em Jesus é o fato do cuidado de Deus por seus filhos (1Pe 5.7).

Que sejamos sempre confiantes do cuidado que Deus dispensa a nós.

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