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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

MEDITAÇÕES SOBRE O EVANGELHO SEGUNDO MATEUS - XXI

O SERMÃO DO MONTE – XV

ONDE ESTÁ SEU CORAÇÃO? (Mt 6.19-21)

Por Alessandro Costa Vieira



O tesouro terreno (Mt 6.19-21): O Senhor Jesus Cristo continua o seu sermão, e devemos lembrar que rejeitou a justiça dos fariseus. Disse ele: " Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus." (Mt 5.20). E nos estudos anteriores, no inicio do capítulo 6, vimos que o Senhor mostrou que era errônea não somente a interpretação que davam à lei como também a sua prática. Agora o Senhor Jesus demonstra que a ideia de riqueza dos fariseus não era correta também. Os fariseus caracterizavam-se não só pela hipocrisia, mas também pela ganância, ou cobiça. As duas andam lado a lado, em outro ponto do nosso estudo já vimos como o Senhor Jesus condenou a forma como os fariseus tentavam burlar a lei de Deus. Em Marcos 7 observamos como é condenável a atitude dos fariseus com relação à Lei de Deus, e nos versos de numero 9 à 13 vemos a ganância e avareza deles demonstrada. E no texto de Lc 16.14 fica mais claro ainda essa característica.
Sabemos também que acreditavam também que as bênçãos de Deus sobre a vida de um homem era medida pela quantidade de bens que eles possuíam. E isso vinha de uma interpretação errônea do texto de Dt 28. Já no A.T. Salomão alerta sobre colocar como alvo principal o acumulo de riquezas (Pv 23.4; Pv 28.20-22), sabendo que aquele que coloca como alvo principal o acumulo de riquezas se venderá facilmente para alcançar seus objetivos. É aquela velha máxima em ação “todo homem tem seu preço”.

Aí vem o Nosso Senhor contra tudo aquilo que os homens achavam ser correto. Eles colocavam a confiança em sua riqueza, que era transitória. E Nosso Senhor empregou três figuras vividas em no texto para demonstrar a transitoriedade das coisas materiais. Primeiro falou da traça, depois da ferrugem que consomem. A seguir referiu-se aos ladrões que roubam. Aquilo pelo que os homens dão a vida, sua riqueza, pode ser destruído ou corroído, e afinal perdido para sempre. Pois toda a criação está debaixo da maldição do pecado, e um dia será destruída. O ouro, a prata, o diamante, enfim toda a riqueza que o homem possa adquirir nesta terra aqui ficará e por fim será destruída (2Pe 3.7-12). Aqui tudo é transitório. Ao contrário disso, nosso Senhor falou que nosso tesouro deve está no céu (Mt 6.20). Embora a terra esteja sob juízo divino, nenhum pecado chega à presença de Deus, nem há contaminação nem destruição. Nenhum adversário pode causar a separação da verdadeira riqueza. Por isso ele convidou os homens, como evidência da verdadeira justiça, a buscar a verdadeira riqueza, a acumular tesouros permanentes no céu. O Senhor Jesus reconheceu que os objetivos do homem determinam por onde ele andará, e o fim para o qual os homens se encaminham determina o caráter da sua vida. Por isso disse Jesus que "Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração." (Mt 6.21). O homem busca aquilo que ele ama, e o seu amor determina-lhe o curso da vida. Se, em cobiça e ganância perseguimos o que é terreno, corrupto e transitório, nossa conduta na vida nunca manifestará a justiça que agrada a Deus. Só quando tivermos um novo alvo e uma nova atitude para com as coisas materiais é que nossa vida se conformará aos padrões de santidade dados na Palavra de Deus.
Nosso Senhor não condenou o fato de alguém ser rico, mas advertiu contra o amor ao que possui. Ele não estava preocupado com o que o homem tem, mas com sua atitude para com o que possui (1Tm 6.10). Mas é certo que quando Deus enriquece a alguém, ele o torna responsável como mordomo (1Tm 6.17-19; Tg 4.17 – 5.6).

Que é tesouro no céu? Qual é a verdadeira riqueza? A Palavra de Deus deixa bem claro, Paulo declarou em 1Tm 6.6-8 o que constitui a verdadeira riqueza, o exercício da piedade com contentamento. Na carta aos Efésios Paulo nos traz à memórias dos crentes diversos exemplos de verdadeiras riquezas (Ef 1.18). Vamos ver alguns desses exemplos: Somos filhos de Deus (Ef 1.5); Remissão dos pecados (Ef 1.7); Revelou-nos o mistério da sua vontade (Ef 1.9-12); Temos o Espírito Santo (Ef 1.13-14); Fomos vivificados (Ef 2.1); Somos alvos do amor de Deus (Ef 2.4-5); Estamos assentados nos lugares celestiais (Ef 2.6); Fomos salvos graciosamente (Ef 2.8-9); Somos integrantes da família de Deus (Ef 2.19); etc . Em Hb 11.26 vemos que o que Cristo passou, por nossos pecados, é o que é valioso para nós. Quando lemos esses textos vemos quão enganosa é a “pregação” dos pregadores da teologia da prosperidade. Nossa verdadeira riqueza é celestial e não terrena. Essas são coisas que Deus considera tesouros celestiais, coisas que não deixamos para trás quando formos à presença do Pai. Nosso Senhor chamou de tesouros no céu e advertiu de amar o que é terreno e ignorar o que é celestial.
Quão pouco os Faraós do Egito conheciam deste princípio! No Museu, do Cairo pode-se ver tesouros de valor quase incalculável tirados dos túmulos dos reis. Esta vasta riqueza estava sepultada com os Faraós, pois esperavam levar consigo para uma vida futura aquilo que haviam desfrutado na terra. Mas os Faraós passaram, e deixaram para trás suas riquezas. Nossos museus estão enriquecidos porque aqueles reis procuraram levá-las consigo, e não o puderam. O princípio bíblico é: " Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele."
Paulo, também, falou dos perigos da riqueza. "Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína." (1Tm 6.9). Ele não disse "os que são ricos", mas os que querem ficar ricos são os que caem em tentação e em muitos desejos loucos que os afogarão na destruição. "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males" (1Tm 6.10). Paulo não disse que o dinheiro é a raiz de todos os males, mas o amor a ele. Alguns podem possuir riquezas, podem cercar-se de bens materiais, sem fazer deles o alvo de sua vida. Mas não se pode amar essas coisas sem que elas lhe controlem a vida. Portanto, Paulo advertiu do desejo de tornar-se rico e do amor àquilo que já foi acumulado. Nosso Senhor chamou de tesouros no céu e advertiu de amar o que é terreno e ignorar o que é celestial.
Nossas próprias afeições podem enganar-nos. Podemos cobiçar as coisas matérias enquanto alegamos ter inclinação espiritual. Que Deus nos ajude a nos lembrar sempre que o tesouro terreno não é a riqueza verdadeira.

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