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terça-feira, 12 de outubro de 2010

MEDITAÇÕES SOBRE O EVANGELHO SEGUNDO MATEUS - XVI

O SERMÃO DO MONTE – X



O amor cristão (Mt 5.43-48): O nosso Senhor Jesus continua com o sermão do monte, e neste trecho começa a falar sobre o amor cristão, como devemos nos relacionar com os homens. Começa com a declaração recorrente no sermão do monte “ouviste o que foi dito” demonstrando assim o conhecimento dos ouvintes com respeito a tradição dos fariseus. Segundo a tradição dos fariseus eles deviam amar apenas as pessoas que faziam parte de seu grupo, os fariseus. Interpretação esta que os fariseus davam ao texto de Lv 19.18. Onde o texto afirma o dever de amar o seu próximo, e o próximo, no texto de Lv 19, era referente ao seu povo. Só que a segunda parte da interpretação que os judeus davam ao texto “odiarás o teu inimigo” não aparece na Lei. Era como os fariseus interpretavam Lv 19. Mesmo sendo judeus, se não fossem fariseus, eram tidos como inimigos. Eles reduziram o grupo de pessoas que a Lei declarava como próximo, judeus, para somente os fariseus. Portanto qualquer que não fosse fariseu era tido como inimigo. Deve-se notar que, como escrito anteriormente, a segunda parte da interpretação dos fariseus do mandamento, odiar os inimigos, não aparece na Lei. Mas é claro que em algumas ocasiões a Bíblia, no AT, deixa clara a proibição de amar pessoas de outros povos e aqueles que odeiam ao Senhor (Dt 23.3-6; Sl 139.21-22). Mas como já estudamos nas seções anteriores que os fariseus faziam o possível para se considerarem cumpridores da Lei. E para isso eles inventavam formas de se justificarem e nesse ponto eles apenas reduziram o número de pessoas que eles deveriam amar e, sendo assim, podiam odiar muitas outras pessoas e não se sentiam culpados por isso. Veja como eles consideravam os judeus que não eram fariseus em João 7.46-49. Porém o Senhor Jesus declara que o padrão que Deus exige de seu povo é altíssimo. E é necessário, para darmos um testemunho eficaz do nosso Deus, amar os nossos inimigos, bendizer quem nos maldizem, fazer bem aos que nos odeiam, e orar por quem nos perseguem e nos maltrata. A característica primaria do verdadeiro cristão é o amor ao próximo. Essa é uma das características que nos identifica com servos do Senhor Jesus, filhos de Deus (Mt 5.44; 1Jo 3.10-18). A razão de exercermos o amor cristão neste mundo é o fato do próprio Deus agir de forma benigna para com todos os homens, dando-lhes a chuva e o sol igualmente a todos sem distinção. É a graça comum de Deus a todos os homens. Os filhos possuem as características de seu pai. Se quisermos demonstrar o caráter de Deus em nós, então, devemos agir como Ele age para com os homens. Veja também a obra de salvação realizada em nós: éramos inimigos de Deus (Cl 1.20-22); éramos filhos da ira (Ef 2.3); éramos injustos (1Pe 3.18). E mesmo assim Deus agiu para conosco de forma amorosa nos dando seu Filho para morrer em nosso lugar e nos dar assim a salvação eterna gratuitamente (Rm 3.24). Assim devemos agir benignamente com todos os homens.

Prosseguindo com o sermão, o Senhor Jesus, continua a falar sobre o amor e demonstra que o tipo de amor que o mundo apresenta não é compatível com o que Deus quer de nós, seus servos. Afirma que qualquer pessoa pode amar que lhe ama. Não é necessário um mandamento para isso. Qualquer pessoa tem condição de amar aqueles que lhe tratam bem. E não há honra nenhuma nisso. Não há galardão (46-47). A vida de um cristão deve ser diferente. Deus nos deu a capacidade amar até nossos inimigos. Em gálatas 5.22 Paulo fala sobre o fruto do Espírito, e a primeira característica do fruto é amor. O cristão recebeu o fruto do Espírito na conversão, portanto recebeu a condição de amar seus inimigos. A palavra que aparece no texto grego traduzida por amor em Mt 5.43-44 e em Gl 5.22 é αγαπη (ágape) que é mostrada por Paulo em 1Co 13 como a mais sublime virtude cristã e em 1Jo 4.8 João mostra essa mesma palavra com uma essência de Deus, Deus é amor (ágape). Esse amor não visa recompensas, ele não precisa de condições, não inveja, não trata mal, é honesto. São essas as características que Paulo dá ao amor (ágape) em 1Co 13. E é esse tipo de amor que o cristão deve manifestar aos homens, não precisamos de um motivo para exercê-lo, pois é algo intrínseco no salvo. Faz parte de sua nova natureza (1J 4.7; 2Pe 1.3-10).

Mais uma vez é afirmado o padrão exigido por Deus ao seu povo, “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” (48), podemos mostrar essa perfeição aos homens atreves de demonstrar esse amor (ágape) ao homens e diante de Deus somente por meio da justiça de Cristo. Podemos nos regozijar pelo fato glorioso de Deus ter provido o sacrifício de Jesus Cristo para que, assim, fossemos aceitos por Deus e alcançar tão alto padrão de justiça (Rm 3.26; 1Pe 3.18; Hb 13.12; Ef 5.25-27).

Que Deus nos ajude a viver a cada dia demonstrando esse amor ao próximo e demonstrando imensa gratidão por ter Deus nos provido um sacrifício perfeito a fim de nos dar a salvação.

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