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domingo, 17 de outubro de 2010

MEDITAÇÕES SOBRE O EVANGELHO SEGUNDO MATEUS - XVII

O SERMÃO DO MONTE – XI

Por Alessandro Costa Vieira




Sobre as esmolas e a vanglória humana (Mt 6.1-4)

O nosso Senhor Jesus continua o sermão do monte, agora, falando sobre as esmolas e o orgulho humano em dar tais esmolas. Orgulho que o Senhor chamará aqui de “tocar trombeta”.

Forma errada (Mt 6.1-2): Jesus vai começar a falar de como não devemos fazer. Demonstrando a forma que os fariseus exerciam o ato de dar esmolas. Mas primeiramente vale resaltar que a palavra que aparece no verso 1, traduzida por esmolas, é elehmosunhn (gr. eleemosunen) que significa caridade, fazer o bem, ou ainda justiça, justiça essa de fazer uma coisa justa reta. Portanto o texto não está falando propriamente dito de esmolas no mais amplo sentido da palavra, mas a esmola pode fazer parte dela. E o alerta do Senhor contra a tradição dos fariseus é o de se vangloriar de qualquer coisa que se faça de bom ao próximo. A Bíblia Sagrada sempre vai exortar o povo de Deus a exercer a caridade, já no A.T. a Lei exigia essa pratica dos judeus (Dt 15.7-11), e no N.T. o ensino para a Igreja é recorrente também (Tg 2.15-16; 1Jo 3.13-18). Jesus não está dizendo que é errado fazer coisas boas, mas que a motivação errada em fazer tais coisas é errada. Os fariseus tinham ultrapassado a interpretação correta da Lei, Dt 15.9, a ponto de fazerem suas boas ações somente quando houvesse um numero razoável de testemunhas. Vemos isso pela exortação que o Senhor Jesus dá dizendo: “Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles”, pois acreditavam que assim ninguém poderia os culpar de não ter exercido socorro para com os pobres. Jesus declara que esse tipo de atitude não é aceito por Deus. Eles já receberam seu galardão, pois se faziam para ser visto pelos homens então estavam lá os homens para ver. Esse era o galardão deles. Eles também acreditavam que fazendo as boas ações diante dos homens poderia livra-los da condenação do pecado. Mais uma interpretação errônea da Lei (Dt 15.9, que o Senhor já tinha alertado). Pois o texto diz “e que o teu olho seja maligno para com teu irmão pobre, e não lhe dês nada; e que ele clame contra ti ao SENHOR, e que haja em ti pecado.”, interpretavam que o texto “haja em ti pecado” significava que o fato de não derem esmolas, fazer o bem, não teriam seus pecados perdoados. Que pensamento errôneo. Pois o pecado aqui é o pecado de não ter ajudado o seu próximo somente e não todos os pecados. O ensino Bíblico demonstra a total incapacidade do homem de oferecer a Deus o preço do perdão de seus pecados (Sl 49.7-8; Rm 3.23-27). Acreditavam que fazendo o bem e que se todos soubessem assim estariam se justificando a Deus. O tocar da trombeta dos fariseus fazia com que recebessem suas recompensas já naquele momento, pois a intenção dos seus corações era exatamente o de ser visto e glorificados pelos homens. Tocar trombeta é chamar a atenção para si. Após o culto na sinagoga cada um levantava e dizia qual era a quantia que queria ofertar. Quando havia uma doação muito vultosa, o doador era chamado até o bemá (tribuna) e recebia a honra de poder sentar ao lado do rabino. O servidor da comunidade tocava, então, uma trombeta, a fim de chamar a atenção dos seres celestiais, porque ali se havia realizado uma beneficência especial. Quanto mais, pois, o fariseu praticava a beneficência, dava esmolas, tanto maior era o espetáculo, primeiro na sinagoga e depois também na rua.. Quando a esmola é feita para se obter o respeito e a admiração dos homens, querendo impressioná-los por sua beneficência, perde-se toda a base da bênção divina. Jesus exortou ao povo da aplicação errônea que os fariseus faziam da verdade da Palavra de Deus. O titulo que o Senhor dar a eles é hipócrita (u`pokritai – ipokritai) que no grego significa “ator, alguém que interpreta um personagem no teatro”. Dando assim a ideia de alguém que passa por uma coisa que não é, ou seja, os fariseus não eram bons quando faziam uma boa obra, mas se passavam por bons. Mas Deus conhece a intenção dos corações dos homens. Ele não julga pelo que se vê a olho nu. Você está esperando recompensas dos homens? Quantas vezes os homens dão, não como demonstração de amor a Deus, não como prova de obediência à Palavra de Deus, não como manifestação da justiça que procede de Deus, mas pela publicidade que ganham. Até que ponto nossas boas obras seriam mantidas se os que as recebem não publicassem uma lista anual dos doadores? Fazemos boas obras por causa da publicidade, e recebemos a recompensa. Queremos publicidade e a conseguimos. Porém Deus não conta tais boas obras como prova de justiça, nem como manifestação de amor. O amor associado com o toque de trombeta é o amor de si mesmo. Quando alguém dá esmolas como faziam os fariseus, para receber a glória dos homens, está tratando os homens como seus justificadores. A estima dos homens pode ser comprada com dadivas, mas a de Deus não! Devemos nos lembrar do que Nosso Senhor Jesus nos ensinou em Lc 17.10, quando fizermos tudo que devemos somos, ainda sim, servo infiéis. Não se compra o favor de Deus com obras.

A forma correta (Mt 6.3-4): Após demonstrar o erro dos fariseus em interpretar e cumprir a Lei, o Senhor Jesus demonstra como deve ser o agir correto com relação as boas obras. E a forma correta é que as boas obras devem ser uma coisa secreta, entre você e Deus só, não é preciso falar nem para a pessoa mais proxima de você o que foi feito. Devemos lembrar das caracteristicas do amor. Uma delas é não busca seu proprio interesse (1Co 13.5). A pratica da boa obra é basiada no amor desinteressado. Devemos fazer visando simplesmente a glória de Deus. O que fazemos em secreto Ele recompessará publicamente. Isso pode ter aplicações em nossa vida aqui na terra ou na eternidade. Ele dará a cada um segundo a suas obras. Que possamos visar, em tudo que fazermos, sempre a gloria de Deus. Pois se existe uma area em que é tão facil sugir o engano é nessa area, com nosso ego cheio de necessidade de reconhecimento vem realizar boas coisas para suprir tal necessidade. Que Deus nos ajude a realizar todo serviço de amor de forma a ser tão oculto que, quando o Senhor nos chamar a si no dia do Tribunal de Cristo (por terem servido aos famintos e miseráveis), eles perguntem surpresos: “Quando foi que vimos o Senhor sofrendo e o servimos?” Nem mais estão conscientes de seus atos de amor, de seus serviços de misericórdia (Mt 25.33-40).

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