O SERMÃO DO MONTE – XIII
ENSINA-NOS A ORAR – PARTE 2
Por Alessandro Costa Vieira
Então, depois que Jesus criticou as falsas práticas dos fariseus, passou a dar-nos um modelo de oração (Mt 6.9-13), que não foi destinada a ser repetitória. Nosso Senhor mostrou aos discípulos as áreas da vida que devem ser objeto de oração. As palavras de nosso Senhor definiram áreas de interesse de nosso Pai, com as quais devemos ocupar-nos nas nossas orações.
Pai nosso (Mt.6.9): O crente, na sua oração, está interessado na pessoa de Deus. "Portanto, vós orareis assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado [santo, honrado, respeitado] seja o teu nome" (v. 9). Deus é nosso Pai. Ele é o soberano Criador ("que estás nos céus"). Ele é exaltado sobre todas as coisas. É um Pai cujo nome está acima de tudo, e sobre todos, perante quem seus filhos se curvam em reverência, respeito, amor e confiança ("santificado seja o teu nome"). Estamos ocupados, antes de tudo, com uma Pessoa. Aqui fica muito claro a idéia de intimidade que Deus deseja ter com seu povo. Mas é uma intimidade cheia de reverencia, entendendo que Nosso Pai está no céu, acima de tudo e de todos. Não devemos entender que o fato de Deus nos dar o privilégio maravilhoso de nos dirigirmos a Ele como Pai, nos dá também o direito de fazer como Ele o que fazem algumas crianças que tentam obrigar seu pai a fazer aquilo que eles desejam. Devemos entender essa relação no mais intimo e puro possivel de todos os relacionamentos. Ele deseja que o conheçamos como um Deus pessoal que se importa com seus filhos e sabe o que é melhor para cada um deles (Mt 6.25-34; Mt 7.11). Jesus demostra essa realidade em varias passagem no Evangelho de Mateus (Mt 5.16, 45, 48; Mt 6.1,4,6,8,9,14, 15,26,32; Mt 7.11,21) onde destaca que podemos chama-lo de PAI.
Venha o teu reino, seja feita a tua vontade (Mt 6.10): A seguir Nosso Senhor nos ensina que devemos estar interessados no propósito de Deus. E nesse ponto é mencionada duas petiçõoes "Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu." No Antigo Testamento Deus havia prometido a vinda do Senhor Jesus Cristo. Como Salvador e Rei, ele estabeleceria um reino na terra sobre o qual governaria (Jr 23.5). O propósito de Deus concentrava-se numa Pessoa que ele pretendia entronizar de modo que governasse como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Tal era a esperança de Israel. O filho de Deus preocupa-se não tanto com seus próprios planos e desejos quanto com o definido plano de Deus de entronizar a Jesus Cristo. Toda a história até ao fim dos tempos encaminha-se para a entronização de Jesus Cristo, que se assentará no trono de Davi. O cristão preocupa-se não com suas próprias circunstâncias e necessidades, mas com aquilo que ocupa o coração de Deus: a exaltação de seu Filho. Devemos sempre nos lembrar que o cristão já percebe o governo de Jesus sobre eles e sobre o mundo. Entendendo que tudo que acontece é por permissão DELE. Por isso existe uma satisfação enorme na vida do cristão (Rm 8.28). O cristão ansseia que a vontede de DEUS seja feita, aqui na terra pelos homens, da mesma forma que os seus anjos o fazem nos céus. Os anjos cumprem a vontade de DEUS sem questiona-la. Têm prazer nesse privilégio (Lc 1.19, 26).
Pão nosso (Mt 6.11): O filho de Deus está interessado na provisão de Deus para suas necessidades. "O pão nosso de cada dia nos dá hoje." Depois de apresentar-se perante Deus em oração pela causa do Reino, o crente confia no Pai, dia a dia, e faz suas petições para que suas necessidades de sobrevivência sejam supridas. Para manter-nos confiantes, Deus não enche nossa despensa e nosso "freezer" de modo que vamos a ele uma ou duas vezes por ano para reabastecer. "O pão nosso de cada dia nos dá hoje". Nossas necessidades podem variar de um dia para o outro. Podemos ter necessidades físicas, mentais, emocionais ou espirituais. A graça de Deus prove tudo quanto necessitamos, não o que achamos que necessitamos, mas apenas um dia por vez. Por isso, o filho de Deus, em sua comunicação com o Pai, está interessado nas necessidades do dia. O termo nosso neste modelo de oração deve nos levar a refletir que nas orações devemos nos lembrar dos demais cristãos, que igualmente, carecem sempre do cuidado divino. É constante na Escritura essa demonstração de cuidado com os irmão em oração (1Ts 5.25; Tg 5.16; Cl 1.9), o cristão não se preocupa consigo apenas.
Perdoa-nos as nossas dividas (pecados) (Mt 6.12): O filho de Deus preocupa-se, na oração, com a pureza pessoal: “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores" Uma vez que Deus proporcionou o perdão para o filho pecador, esse filho beneficia-se do perdão para os pecados diários. Se perdoamos aos que nos ofendem, quanto mais não perdoará Deus aos filhos que buscam seu perdão? O filho de Deus está interessado na santidade pessoal. E entendendo isso sabe que pode confiar em Deus para vos perdoar sempre (1Jo 1.9). E que deve ser grato a Deus pelo perdão e evitar, com a graça de Deus, uma vida pecaminosa, pois compreende quão grande castigo Cristo suportou na cruz pelos nossos pecados (1Co 15.3; 1Pe 2.24; Gl 1.4; Rm 4.25)
Livra-nos da mal (Mt 6.13): O cristão está interessado, na oração, na proteção de Deus. "E não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal" Segundo promessa do Antigo Testamento, Deus ordenaria a seus anjos que nos sustentassem em suas mãos para não tropeçarmos nalguma pedra. Os olhos de Deus estão sobre nós e nos protegem enquanto andamos neste mundo e nos tornamos co-herdeiros com Cristo. Confiamos em que ele nos guarde de cair em pecado quando assediados pela tentação, e que nos livre quando atacados pelo maligno (1Co 10.13; 2Pe 2.9; Jd 24-25). E esse livramento só vem quando reconhecemos que quem REINA sobre tudo, inclusive sobre nossos inimigos, é Deus, que quem é que tem o PODER de nos livrar do pecado é Deus e quem é digno de GLÓRIA quando vencemos uma tentação é Deus. Todo o mérito deve ser dado a ELE somente. Se fosse por nossas forças, apenas, estavamos perdidos. Mas graças a Deus que nos dá a vitória (1Co 15.57).
São estas as questões com as quais o filho de Deus deve ocupar-se em oração. Um indivíduo em cuja vida a oração não desempenha papel importante está em desarmonia com o coração de Deus. Pois, como Pai, ele deseja o amor dos filhos; se o amor não é comunicado, o coração daquele que ama não fica satisfeito. Oração é comunicação entre o filho e o Pai concernente à pessoa de Deus, ao programa de Deus, à provisão de Deus, à proteção de Deus, e à nossa pureza. Que Deus faça de nós pessoas que aprendam a orar.
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