MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE MATEUS – I
Por Alessandro Costa Vieira
Introdução aos Evangelhos: A palavra
“Evangelho” é de origem grega e significa “boas novas, boas noticias”. Já no A.T. os profetas afirmaram o
aparecimento dessa bela mensagem (Is 40.9; Is 61.1). A mensagem de Jesus Cristo
é assim denominada: Evangelho (Mc 1.14). Os três primeiros Evangelhos
são chamados de sinópticos, do grego (synopsis),
que significa “ver em conjunto”. Recebem este nome devido às semelhanças entre
os três escritos. Cada evangelista enfocou o ministério e os acontecimentos da
vida de Jesus por um ângulo. É exatamente por isso que muitos indoutos e
inconstantes (2Pe 3.16) pensam haver contradições nos evangelhos. Onde
eles vêem contradições nós vemos semelhanças.
I. Autoria: Em comum com os outros três Evangelhos, este livro é anônimo, ou seja,
os autores não se apresentam explicitamente. Entretanto, o nome do apóstolo
Mateus (Mt 9.9 e Mt 10.3) se associa
com ele desde o século II. Existem no livro História Eclesiástica, de Eusébio,
escrita cedo, no século IV, citações de Papias, bispo no século II, de Irineu,
bispo de Leão, no século II e de Orígenes, grande teólogo do século III. Todos
estes concordam em afirmar que este Evangelho foi escrito por Mateus, para
cristãos hebreus. Embora não levando o nome do autor, o Evangelho fornece pelo
menos uma evidência interna que confirma sua autoria tradicional. A história da
chamada de Mateus, em Mt 9.9, é
seguida da narrativa de uma refeição a qual Jesus compareceu em companhia de
publicanos e pecadores (Mt 9.10; Mc
2.15; Lc 5.29). O sentido de Mt 9.10
é que "em casa" quer dizer "na minha casa", isto é, na do
autor, e isto concorda plenamente com Marcos e com Lucas e com os fatos
apresentados por ambos os evangelistas. Esta frase serve, então, para
identificar o autor.
II. Data: A data, provável, do livro é de 58 –
68, alguns acreditam que possa ter sido escrito entre 80 – 90 d.C. mas quando
se analisa o texto do livro vemos que a destruição de Jerusalém é tida como um
evento futuro (MT 24.2), isso nos
leva a entender que o autor escreveu antes do evento da destruição de
Jerusalém, que foi em 70d.C.
III - O propósito do Evangelho segundo Mateus: É
patente que o propósito do evangelista é apresentar em ordem a história do
nascimento, ministério, paixão e ressurreição de Jesus Cristo. Ele agrupa seus
fatos a redor de cinco grandes discursos de Nosso Senhor: o Sermão da Montanha
(Mt 5.1 – 7.27); a escolha dos apóstolos (Mt 10.5-42); as
parábolas (Mt 13.1-53); o discurso sobre a humildade e o perdão (Mt
18.1-35); e o discurso apocalíptico, do fim dos tempos (Mt 24.1 – 25.46).
O evangelista indica esta divisão pela repetição da mesma fórmula, ao fim de
cada discurso: "E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso...".
Os trechos que intervêm contam dos milagres e outros acontecimentos que seguem
certa ordem, que facilita ao leitor fixá-los de memória. O trecho inicial,
antes do primeiro discurso (Mt 1-4) consiste da narrativa do nascimento
e infância de Jesus, o ministério de João Batista, o batismo e tentação do Senhor,
e uma introdução geral ao seu ministério. O clímax da paixão e ressurreição
segue logo o último dos cinco discursos. O evangelista cita frequentemente
versículos tirados das profecias do Velho Testamento e, de fato, interpreta
essas profecias como tendo cumprimento em Jesus Cristo ; tudo é
interpretado de um modo que seria para o judeu do I século prova incontestável,
a qual a igreja cristã tem adotado.
Os trechos seguintes são peculiares ao Evangelho segundo Mateus: a
narrativa do nascimento e da infância (Mt 1.18 a Mt 2.23); a
introdução geral ao ministério na Galiléia (Mt 4.23-25); a referência a
Is 53.4 (Mt 8.17); a cura dos dois cegos e um mudo endemoninhado e a
alusão às ovelhas que não têm pastor (Mt 9.27-38); o convite aos
cansados e oprimidos (Mt 11.28-30); a referência a Is 42.1-4 (Mt
12.15-21); a parábola do trigo e do joio e do tesouro escondido, a da
pérola de grande valor, e a da rede lançada ao mar (Mt 13.24-30,34-50);
a referência geral ao ministério da cura (Mt 15.29-31); a descoberta do dinheiro
na boca dum peixe (Mt 17.24-27); os ensinos a respeito da reconciliação,
oração e perdão (Mt 18.15-35); o ensino sobre eunucos (Mt 19.10-12);
a parábola dos trabalhadores na vinha (Mt 20.1-16); a parábola dos dois
filhos (Mt 21.28-32); a censura aos fariseus (23); certos trechos
do discurso apocalíptico, que é muito mais amplo neste do que nos outros
Evangelhos sinóticos (24); a parábola das dez virgens (Mt 25.1-13);
o juízo dos bodes e ovelhas (Mt 25.31-46); o suicídio de Judas (Mt
27.1-10); a ressurreição dos santos (Mt 27.52-53); a guarda posta ao
sepulcro (Mt 27.62-66); o boato falso do roubo do corpo de Jesus e a
grande comissão (Mt 28.11-20).
O
evangelista exibe um estilo literário que lhe é peculiar, cuja característica
mais notável é a falta de pormenores na descrição dos feitos. As narrativas são
geralmente resumidas e os detalhes se harmonizam. Vê-se claramente esta
tendência comparando as histórias da cura do criado do centurião (Mt 8.5-13);
e da ressurreição da filha de Jairo (Mt 9.18-26), com os trechos
paralelos em Lucas.
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