O SERMÃO DO MONTE – VI (Mt 5.17-20)
Jesus veio para cumprir a lei (Mt 5.17-20): O sermão do monte começou com as bem-aventuranças, que demonstrou o caráter do salvo. Depois o Senhor Jesus prosseguiu falando do testemunho e influencia do cristão no mundo. E agora vem dizendo sobre qual é a exigência para que o homem possa entrar no reino dos céus. Devemos lembrar que o povo que ouvia essas palavras eram pessoas oprimidas pela culpa de não poderem atingir o padrão exigido pela lei (Lv 20.26) e pela tradição dos fariseus (Mt 23.1-5). Os fariseus que inventaram uma forma de “burlar” a lei de Deus dando uma interpretação particular para ela. Onde visavam apenas os fatores exteriores da vida. Por exemplo: Falavam do adultério, mas não falavam sobre a luxuria que trazia o adultério; falavam sobre o assassinato, mas nada falavam sobre o ódio no coração que levava alguém a matar outro (Mt 23.4). Os fariseus não consideravam o objetivo da lei, que é de revelar o caráter Santo do Deus todo poderoso. O homem não pode ver a santidade de Deus e viver, portanto a Lei de Deus é o espelho que reflete o Santo caráter de Deus. É por meio dela que sabemos o que Deus exige do homem para que este o agrade. Talvez os ouvintes do sermão do monte esperassem que Jesus trouxesse uma mensagem mais amena sobre as exigências de Deus para que o homem fosse aceito. Mas o Senhor Jesus não faz um discurso fácil de ouvir, pois primeiro Ele diz que não abriria mão de nenhum J ou ~ da lei (J no hebraico é a menor letra do alfabeto y, e o ~ seria o equivalente a uma parte de uma letra), ou seja, nada da lei seria deixado de lado. E com relação às tradições dos fariseus, que eram compostas de 365 mandamentos negativos e 250 positivos, Jesus diz que “se a vossa justiça não exercer a dos fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus” (Mt 5.20). Poxa eles teriam de ultrapassar a justiça que os fariseus pregavam. Como seria isso possível? A verdade é que a justiça dos fariseus nada tinha de justiça, diante de Deus. Eram regras de homens (Mc 7.7) que os levava a acreditar que seriam aceitos por Deus cumprindo tais “mandamentos” (Mc 7.8-9). Porém a santidade que Deus exige do homem é muito superior a meras praticas exteriores. O ser humano para ser aceito por Deus deve ser santo com Deus é Santo (1Pe 1.15). O verso 19 explica o que os fariseus faziam com a lei de Deus. Eles violavam a lei de Deus e ensinavam os outros violarem também (Mc 7.7).
No capítulo 7.9-13 de marcos (ver também Mt 15.3-5)vemos uma forma que os fariseus criaram de burlar a lei de Deus. Segundo a lei de Moisés, quando o pai ou a mãe envelhecia ou adoecia, não podendo prover para seu próprio sustento, cabia aos filhos a responsabilidade de sustentá-los. Era uma responsabilidade de origem divina, pois Deus assim ordenou na lei (Êx 20.12; Dt 5.16). O sustento dos pais custava dinheiro. Os fariseus, amantes do dinheiro, não desejavam contribuir para o sustento dos pais, segundo as necessidades deles, como exigia a lei; daí que o farisaísmo inventou um meio de burlar a lei (Mt 15.5). A lei dizia que algo consagrado a Deus não podia ser usado para fins seculares. Um jarro ou vaso, consagrado ao serviço do Senhor no tabernáculo, vencida a fase de sua utilidade, não poderia ser usado no lar. Tinha de ser destruído porque era de Deus (Lv 6.28). Os fariseus inventaram, pois, uma fórmula pela qual pronunciavam a palavra Corbã, que significa "consagrado ou ofertado a Deus". Diziam, assim, que tudo quanto possuíam era de Deus, e não tinham o direito de usá-lo.
Ouvindo uma batida à porta e vendo o filho que se tratava de seu pai necessitado em busca de auxílio, já sabia que teria de separar-se de algumas coisas tão queridas. Ao dirigir-se à porta, ele diria "Corbã", tudo está consagrado a Deus. Abriria a porta, veria o pai, iria abraça-lo, diria que o amava, e o traria para dentro da casa. Sem dúvida, perguntaria: "Papai, que posso fazer pelo senhor?" Diria o pai: "Filho, sua mãe e eu estamos sem nada. Não temos com que comprar alimento, e lhe pedimos que cumpra sua responsabilidade filial para conosco." Com lágrimas de crocodilo o filho diria: "ah, se eu soubesse ... Acabo de consagrar a Deus tudo o que tenho, e o senhor sabe que a lei não me permite retomar de Deus aquilo que lhe consagrei." E o pai iria embora com sua necessidade.
Os fariseus aprovavam este comportamento. Um pai podia deixar a casa do filho para morrer de fome; o filho podia reter o que era seu, contando com a “bênção” dos fariseus. Para eles, isso era justiça. O Senhor mostrou que mediante essa prática haviam burlado a lei de Deus e ainda chamavam a isso de justiça. No capítulo 7.21-23 de Marcos nosso Senhor mostrou que não é o que entra no homem que o contamina, mas o que sai do seu coração. A fonte da contaminação, aos olhos de Deus, não é o que está fora mas o que está dentro.
Mas a boa noticia de Deus para os seus escolhidos é que Jesus cumpriu a lei de forma integral e isso em nosso lugar (1Pe 3.18; Rm 3.24; 2Co 5.21). Podemos agradar a Deus porque reconhecemos nossa incapacidade de agrada-lo e por crer que a obra redentora de Cristo na Cruz satisfez a toda a justiça exigida por Deus (Ef 1.6; 2Co 5.17-19). Lovamos a Deus por Ele ter nos dado o dom da fé para reconhecermos o nosso estado pecaminoso e nossa necessidade de um Salvador perfeito e justo, que é Jesus Cristo. O qual nos justificou diante de Deus e hoje, nós que reconhecemos essas verdades, não somos mais inimigos de Deus (Rm 5.1), fomos reconciliados, por meio de Jesus Cristo, com nosso Deus (2Co 5.18). E agora quando Deus nos vê encherga a justiça de Cristo em nós.
Que maravilhosa graça nos concedeu o Santissimo Deus.
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