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domingo, 19 de setembro de 2010

MEDITAÇÕES SOBRE O EVANGELHO SEGUNDO MATEUS - XV

O SERMÃO DO MONTE – IX (Mt 5.33-42)

Por Alessandro Costa Vieira

A credibilidade do falar cristão (Mt 5.33-37): Jesus continua o sermão do monte, e agora trata sobre a credibilidade do falar. Demonstrando como os fariseus interpretavam a Lei com relação à credibilidade da palavra falada por eles. Mais uma vez Jesus demonstra que seus ouvintes conheciam a Lei e a interpretação que os fariseus davam a ela. A declaração de Jesus diz respeito a interpretação que os fariseus davam aos seguintes textos Êx 20.7; Lv 19.12; Nm 30.2. A Lei apresentava condições claras sobre o juramento. Era uma forma de fazer com que os homens tivessem a garantia de que a palavra de outro era verdadeira. Mas muitos dos fariseus se utilizavam deste mecanismo para jurar em falso. Tinham a confiança de outros mesmo quando diziam mentiras. Esse tipo de juramento que Pedro recorreu quando foi reconhecido como seguidor de Jesus, quando Jesus fora preso (Mt 26.69-74). Os fariseus conseguiam a credibilidade de suas palavra jurando falsamente. Juravam por tudo, pelo céu, pela terra, pela cidade de Jerusalém, etc. E por qualquer motivo faziam juramentos, até pelas questões cotidianas da vida. Os fariseus eram muito espertos e criavam diversos meios de tentar fazer “cumprir” a Lei. E com relação ao jurar diziam que podiam jurar pelo templo e estava livre de cumprir o que jurará, mas se jurasse pelo ouro do templo teria que cumprir (Mt 23.16-22). Usavam esses meios para que os outros acreditassem o que eles falavam com a pretensão de engano. Quem poderia discernir o que era um juramento falso ou verdadeiro, sendo que se utilizavam desses meios? Porém o nosso Senhor Jesus ensina que não devemos jurar por nada. Que o nosso falar deve ser sim ou não. O fato de termos sidos regenerados pela obra do Espírito Santo em nossas vidas não se faz necessário que juremos por tudo que falamos. A conversão em si só garante a credibilidade do servo de Deus. O falar do cristão não necessita de garantias para saber se é verdade ou não (Tg 5.12; Zc 8.16-17). Ele sempre fala a verdade. Devemos frisar aqui que estamos falando do verdadeiro cristão (1Jo 1.6; 1Jo 2.3-6). Portanto não há necessidade de fazermos juramentos para confirmar a credibilidade de nossas palavras, pois temos consciência de que o pai da mentira é o diabo (Jo 8.44).
Devemos entender, também, que o fato de Jesus dizer que “de maneira nenhuma jureis” não significa que não podemos nunca jurar, mas que não devíamos usar desse mecanismo para fazer com que toda e qualquer palavra que falarmos seja acreditada. Como por exemplo: para que alguém acredite que eu almocei eu tenho que jurar que almocei. Isso não se faz necessário e é contrário a Palavra de Deus. Mas há ocasiões em que podemos exercer juramento, como num tribunal. Temos alguns exemplos na Bíblia em que pessoas exercem juramento: Jesus (Mt 26.63-64); Paulo, toma Deus por testemunha, que é uma forma de juramento (2Co 1.23); Deus (Hb 6.13-14).

Olho por olho (Mt 5.38-42): Neste ponto o Senhor Jesus vai tratar sobre a pratica da justiça. O texto citado por Jesus aparece algumas vezes no Antigo Testamento com a intenção de demonstrar que a Lei protege o justo de atitudes perversas, afim de que o culpado pague a devida indenização para com quem ele cometeu o mal (Êx 21.22-27; Lv 24.19-20; Dt 19.15-21). A pratica da justiça do cristão tem seu maior exemplo em Jesus. Aqui o Senhor começa com a seguinte declaração: “não resistais ao mal”. Demonstrando assim o ensino divulgado em todo o Novo Testamento que não devemos pagar o mal com o mal e sim com o bem (Rm 12.21; 1Tm 5.15), de não levar os irmãos perante o tribunal e para o bem da igreja sofre o dano (1Co 6.1-8). O cristão acredita que somente a Deus pertence a vingança (Rm 12.19; Hb 10.30), e que quando ele sofre a injustiça por causa da verdade ele permanece em paz (Mt 5.10-12; 1Pe 4.12-16). O grande exemplo do Senhor Jesus em seu sofrimento é a motivação maior para vivermos uma vida em que muitas vezes preferimos sofrer o dano a exigir a devida retribuição pela ofensa (At 8.32; Lc 23.34). Jesus nos ensina a perdoar os nossos agressores (Mt 6.12). “O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor.", diz o apóstolo Paulo em Romanos 13.10. A lei nos dá direitos, mas também nos dá a liberdade de renunciar a eles, e assim manifestar a justiça de Cristo. Temos nossos direitos, e a Palavra de Deus os protege. Temos, também, a liberdade de renunciar a eles para demonstrar o amor de Cristo. Não é a demanda por seus direitos que caracteriza o justo, mas o desistir deles é que destaca o homem que agrada a Deus. O padrão de Jesus é bem diferente do padrão mundano. Em Romanos 12.20 Paulo nos mostra como deve ser a nossa reação com nossos inimigos: “Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.”, essa é a justiça que Deus deseja que demonstremos neste mundo.
Que Deus nos ajude a viver como Ele deseja.

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