O SERMÃO DO MONTE - I (Mt 5.1-3)
Por Alessandro Costa Vieira
O mais belo sermão já pronunciado. Assim que podemos dizer do sermão do monte. Ele é o mais longo dos sermões de pronunciado por Jesus, que está relatado na Escritura. Nele o nosso Senhor traz assuntos de extrema importância para a vida do cristão. O sermão começa com as “bem aventuranças” que demonstram o caráter do cristão. Alem disso o sermão vai tratar do testemunho do cristão; mostra como a lei se relaciona com o Evangelho; como devem ser as esmolas e o jejum; advertências contra as preocupações mundanas; a perfeita relação com o próximo; a chamada para a pratica do Evangelho; e o relato de Mateus termina com o resultado que o sermão produz nos seus ouvintes (Mt 5 – 7).
Jesus sobe a um monte (Mt 5.1-2): A localidade deste monte é incerta, mas ficava, com certeza, na região da Galiléia, próximo ao Mar da Galiléia. Tradicionalmente chamado de Monte das Bem Aventuranças. Jesus sobe ao alto deste monte a fim de ensinar seus discípulos. Alguns afirmam que Jesus subiu no monte para evitar a multidão e ensinar somente os seus discípulos, com base em Mt 5.1 que diz: “E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos”, mas é inconsistente com o termino do relato de Mateus, que diz em Mt 7.28 que a multidão se admirou do seu ensinamento. Podemos concluir que a multidão estava presente, mas que o discurso foi dirigido aos discípulos (Mt 5.2).
O caráter do cristão (Mt 5.3-12): Jesus inicia esse sermão demonstrando como deve ser o caráter do seu seguidor.
Bem aventurados: O termo (Gr. makarioi – makarioi) repetido nove vezes, no trecho que vai do verso 3 a 11, tem o significado de “mais que felizes” ou “afortunado”. Para os judeus não era algo novo, pois os escritores do A.T. também usaram este termo para demonstrar a felicidade do povo de Deus, vejamos algumas dessas referências: Sl 1.1-3 demonstra a felicidade do piedoso; Sl 33.12 demonstra a felicidade daqueles que foram escolhidos por Deus para seu povo; Sl 127.5 demonstra a felicidade de que tem muitos filhos; Jó 5.17 demonstra a felicidade dos que são repreendidos por Deus; Sl 32.1 demonstra a felicidade do que é perdoado; Sl 34.8, 84.12 e Pv 16.20 demonstram a felicidade dos que confiam em Deus; Sl 41.1 e Pv 14.21 demonstra a felicidade de quem ajuda o pobre; Sl 112.1, 128.1 e Pv 29.18 a felicidade de que teme a Deus e tem prazer em seus mandamentos. Todas essas referências demonstram que o ouvinte de Jesus não estava ouvindo algo novo. Mas a recompensa dos bem aventurados do A.T. quase sempre é relacionada as bênçãos materiais, veja um exemplo no Sl 1. Em contra partida as bem aventuranças que Cristo apresenta trazem bênçãos celestiais. Jesus não ocultou de seus discípulos que os bem aventurados não teriam o apoio do mundo (Jo 16.33; 2Tm 3.12; 1Co 1.26-31).
Bem-aventurados os pobres de espírito (Mt 5.3): Jesus começa o sermão do monte com uma declaração surpreendente. Como já falamos, os judeus estavam familiarizados com a declaração “bem-aventurados”, porém estavam vivendo em opressão e miséria sendo dominados pelos romanos. Quem sabe alguém pensou que ele citaria uma das declarações do A.T., que vimos anteriormente, para mudar a vida deles. Mas não, o nosso Senhor diz que bem-aventurados os POBRES, isso mesmo. O termo que aparece no texto grego á “ptwcoi” que significa “pobre, pobre como um mendigo”. Que seria propicio para as pessoas que estavam ouvindo, eram pobres. E quem sabe se alegraram nessa declaração. Mas o Senhor Jesus completa a declaração com ESPÍRITO. Que poderia, sem dúvida, levar alguém a perguntar como deveria ser bem aventurado alguém que é pobre de espírito se o que os fariseus prezavam era o ser forte espiritualmente? O que vem a ser um “pobre de espírito”? É aquele que reconhece o seu estado espiritual e que é dependente de outrem para que as suas necessidades espirituais sejam supridas. Ou seja, o pobre de espírito é aquele que reconhece que não pode entrar no Reino dos Céus pelos seus méritos espirituais, pela sua pratica religiosa. Isso concluímos pelo próprio sermão do monte que em Mt 5.20 “se a vossa justiça não exceder a dos escribas e dos fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.”. Se nem mesmo a justiça dos fariseus pode fazer alguém entrar no reino dos céus, pois em sua pratica requeria observar 365 proibições e 250 mandamentos. Qual o tipo de justiça seria necessário para entrar no reino dos céus? Só é perfeito em justiça aquele que, pela fé, sabe que foi justificado por meio da obra de Cristo (Rm 5.1), Cristo assumiu a nossa culpa e nos tornou justos (Rm 5.19). São bem-aventurados os que reconhecem que não são salvos por aquilo que faz e sim pelo que Jesus fez. Nosso Senhor não escolheu impensadamente esta palavra ao dizer: "Bem-aventurados os mendigos de espírito, bem-aventurados os paupérrimos espirituais, bem-aventurados os espiritualmente destituídos, bem-aventurados os falidos espiritualmente que se encolhem e se humilham por causa de seu total desamparo; porque deles é o reino dos céus." Em se tratando de coisas espirituais, humilde de espírito é o contrário, não da auto-estima, porém do orgulho espiritual. O que nosso Senhor condenou foi a auto-suficiência vinda do orgulho espiritual. O Novo Testamento relata que os fariseus eram intensamente orgulhosos, pois se consideravam justos; como justos, de nada necessitavam (Lc 18.9-14). Somos completamente miseráveis, sem nenhuma condição de se salvar ou de salvar outrem (Sl 49.7-8). E os que sabem o que são, miseráveis, esses são bem-aventurados.
A segunda parte deste verso diz o porquê que os “pobres de espírito” são bem-aventurados, porque deles é o reino dos céus. A salvação ofertada, por Deus, é para aqueles que não têm condições. Não só que não tem condições, pois todos estão em tal condição, e sim para os que reconhecem que não a tem, pois de fato nenhum tem condições para se salvar. Mas não são todos que reconhece esta verdade. Só podemos reconhecer tal verdade pela fé, que é dada por DEUS (Ef 2.8-9). Damos graças a Deus por ter nos dado o dom da fé para crer na obra de Jesus, aceitar a sua Palavra como única verdade e confiar nEle para que se confirme a nossa salvação. Que possamos confiar em Deus sempre e nunca na nossa carne (Fl 3.3). Pois não temos nada a oferecer a Deus pela nossa salvação, portanto demos glórias e honras ao seu Santo Nome, pois que nos salvou de modo maravilhoso e perfeito. Essa é a primeira bem-aventurança.
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