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terça-feira, 14 de julho de 2009

MEDITAÇÕES SOBRE O LIVRO DE GÊNESIS - IL

A HISTÓRIA DE JUDÁ E TAMAR, SUA NORA (Gn 38)

Este é um dos capítulos mais estranhos da Bíblia. Paro o leitor descuidado, ele pode parecer estar fora de lugar ou não ter nenhum valor espiritual. Entretanto, para aqueles que meditam na Palavra de Deus, eles contém muitos ensinos espirituais. Como toda a Escritura, ele é de grande proveito (2Tm 3.16). Note também que este é o único capítulo que contém informações sobre a família de Jacó, desde quando José foi vendido, até o período de fome que os conduziu forçosamente ao Egito. Antes de avançarmos neste capítulo, vamos considerar algumas coisas importantes:

A. Como é chocante a vida dos filhos de Jacó. Rúben, Simeão, Levi e agora Judá são vistos cometendo atos horríveis. Todos os irmãos, exceto Rúben e Benjamim, participaram da venda de José. Não estamos insinuando que nenhum destes homens era salvo, mas alguém poderia duvidar facilmente disso. Não vamos imaginar que pelo fato de Israel ter sido escolhida como uma nação eleita por Deus, que todos os judeus foram salvos (Rm 2.28-29).

B. Se a Bíblia fosse escrita por homens, sem a inspiração divina, não teria exposto honesta e claramente a natureza má do ser humano. Os Judeus voluntariamente exporiam os erros e desgraças dos seus ancestrais? A plena honestidade das Escrituras é um testemunho da sua inspiração.

C. Enquanto a Bíblia é muito abrupta em revelar as imoralidades dos homens, ela nunca deixa de mostrar as complicações e conseqüências do pecado. Homens depravados escrevem livros, produzem peças de teatro e filmes mostrando os prazeres do pecado, mas eles escondem os perigos e sofrimentos que o pecado produz. (Quem ao ler o relato bíblico a respeito de Davi e Bate-seba não sente aversão, ao invés de atração, pelo adultério. Que terrível preço Davi pagou, e quão rapidamente as complicações vieram. Entretanto, deixe Hollywood fazer um filme a respeito disso, e o adultério será glorificado).

A Mudança de Judá (Gn 38.1): Judá deixou sua família e foi morar com um nativo de Canaã. Provavelmente isto era resultado da miséria que assolou a família como resultado da traição feita com José. Talvez ele não pudesse suportar o fato de ver a aflição do seu pai. Certamente sua consciência o incomodava.

Ainda que Hira tenha sido um amigo de Judá, ele não era um homem reto. As más companhias sempre nos causam problemas, como a história de Judá nos revela (Sl 1.1).

Judá Se Casa (Gn 38.2-5): O relacionamento de Judá com o povo de Canaã resultou em seu casamento com uma mulher Canaanita. Isto era uma afronta à vontade de Deus e ao exemplo de seu pai e avô. Devemos levar em conta que quando nos casamos estamos também escolhendo os pais dos nossos futuros filhos. Os Cristãos devem buscar um cônjuge temente a Deus, já pensando no futuro de seus filhos (Ml 2.15). Há um bom motivo para pensarmos que os problemas dos filhos de Judá foram causados pela influência pagã da mãe deles.

Morto Pelo Senhor (Gn 38.6-10): Judá tomou uma esposa para o seu primogênito. Deus tirou a vida deste jovem devido a uma maldade não definida. Judá então chama o seu segundo filho para que cumprisse o dever do casamento levirato (cunhado). Neste caso, o cunhado deveria se casar com a viúva do irmão morto que não tivesse filhos. O primeiro filho desta união levaria o nome do irmão morto (Dt 25.5-10).

Onã obedeceu a seu pai e se casou com Tamar. Ele consumou o casamento, no entanto, ele interrompia o intercurso das relações sexuais antes que Tamar pudesse conceber (daí vem o termo "Onanismo"). Ele fazia isto porque não queria suscitar filhos para o seu irmão. Deus na Sua ira lhe tirou a vida por este ato.

Por que esta sórdida história está na Bíblia? Você acredita que o nascimento do Salvador dependia do resultado deste capítulo? Muitas vezes Deus, em Sua soberania, faz com que os grandes eventos dependam dos pequenos ou estranhos acontecimentos.

Considere o seguinte:

A. Judá seria a tribo pela qual Cristo viria a nascer (Mt 1.2-3, Ap 5.5). Isto significa que um dos filhos de Judá estaria na linhagem Messiânica.

B. Ao interromper a concepção, Onã estava tentando impedir que a linhagem do primogênito tivesse continuidade. Nos perguntamos a nós mesmos até que ponto este jovem tinha conhecimento disto. Ele era apenas uma pessoa egoísta que não desejava dar continuidade a memória do seu irmão, ou existe outra razão para isso? Talvez a sua mãe lhe tivesse ensinado a amar a religião Canaanita. Talvez ele desejasse realmente interromper a linhagem Messiânica. Talvez seu irmão tenha sido morto pelo mesmo motivo [vers. 7]. Será que estes dois jovens determinaram não ter filhos para que a linhagem de Cristo fosse interrompida?

Embora tudo isso pudesse ter acontecido, nós sabemos que Satanás estava trabalhando aqui. Ele queria tornar impossível o nascimento de Cristo. Desta forma, nós vemos uma batalha antiga sendo travada (Gn 3.15). Satanás tentou destruir Cristo antes mesmo dEle nascer. E depois do nascimento do Senhor Jesus, Satanás tentou destrui-Lo antes que Ele pudesse chegar até a cruz (Mt 2.16).

A Estratégia de Tamar (Gn 38.11-23): Alguém pode pensar que Judá não estava tratando Tamar com o devido respeito. Aparentemente ele não desejava que Tamar se casasse com seu último filho. De qualquer forma, Tamar, ao ver o que estava acontecendo, planejou e executou um plano pessoal.

Que triste reflexão tem esta história sobre Judá. Não teria sido pelo fato de ver tendências imorais em Judá que levou Tamar a planejar e ter sucesso neste plano? Será que ela ouviu de outras escapadas de Judá? Que triste contraste é este comparado com a pureza de José ao ser tentado (Gn 39). Pelo menos as palavras do versículo 23 mostram que Judá tinha vergonha desta situação e não queria torná-la pública.

Apesar de não podermos justificar o comportamento de Tamar, é possível que a atitude dela não tenha sido motivada por puro egoísmo. Talvez ela estivesse tentando ser uma ancestral do Messias. Para isso ela deveria gerar um filho através de Judá ou de um de seus filhos. Talvez ela fosse uma convertida ignorante ao Deus de Israel. Novamente não podemos justificar suas atitudes, mas, também não devemos julga-la baseados em nosso nível de conhecimento. Ela cresceu em uma sociedade onde a prostituição religiosa era respeitada. Talvez em sua mente a fé e a ignorância estavam misturadas.

Hipocrisia (Gn 38.24-26): Quando Judá soube que Tamar estava grávida, não sabendo que era o pai, ele estava pronto a queimá-la por causa do pecado dela. Talvez ele estivesse contente por descartá-la pelo fato de não desejar dar a ela o seu filho mais novo.

Como a natureza humana é hipócrita. Devemos sempre considerar as palavras de Jesus a respeito da mulher adúltera (Jo 8.1-11). Quão facilmente nós justificamos nossos pecados enquanto condenamos outros. A única coisa que podemos dizer em defesa de Judá, é que quando ele foi confrontado com a evidência de sua culpa, ele fez uma corajosa confissão e não repetiu o seu pecado. Esperamos que ele realmente tenha se arrependido.

A Linhagem de Cristo (Gn 38.27-30): Temos aqui o nascimento dos filhos gêmeos de Judá e Tamar. Através de Perez a genealogia de Cristo teve continuidade (Mt 1.3). Que maravilhosa providência é manifestada aqui. O homem se afunda na lama do pecado, desobedece a Deus, e faz planos baseados na sabedoria carnal. Satanás fez todo o possível para destruir a linhagem do Messias. Apesar do pecado do homem, e da ira do Diabo, o plano de Deus nunca pode ser impedido (Is 46.10). Deus pode produzir o bem em meio da maldade e confusão do homem. Seus propósitos são infalíveis.

Em Gênesis 38, somos lembrados também da espetacular linhagem e encarnação de Cristo. Na genealogia de Cristo encontramos Raabe a meretriz, Rute a Moabita e aqui Tamar que praticou um incesto. Cristo realmente se humilhou a si mesmo para ser feito à semelhança dos homens pecadores (Rm 8.3). Ele verdadeiramente deixou a Sua glória para vir a este mundo. Lembre-se, portanto, que o nosso Salvador nasceu de uma virgem, e nEle não há pecado. (Hb 4.15)

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